sábado, 28 de abril de 2012

Se a loucura for isto, então eu estou louca. 
Adormeço a enumerar nomes de mulheres começados por S, depois nomes de homens por G, depois vale tudo (homens e mulheres) por V. Impaciento-me com os programas de tv e sonho todos os dias que me pedes em namoro, ainda que coagido.
Se a loucura for isto, coitados dos que nasceram loucos, dos que sempre se conheceram loucos, dos que foram loucos nem que seja um dia a mais do que eu. Eu quero estar onde tu estás, eu penso naquilo que poderias dizer nesta ou noutra situação, eu exalo o teu cheiro por toda a parte, eu procuro-te num sinal fechado, imagino a fisionomia dos nossos filhos - se os tivéssemos.
Ainda me questiono se é o meu perfume que te atrai, se foi o meu esgar, se são as minhas piadas que te arrancam uma gargalhada expressiva, se são as pernas que todos os homens (pelo menos os meus) sempre elogiaram, ou se é o meu jeito de vestir, os meus necklaces, o eyeliner desenhado à pressa, ou nada.
No fundo eu sei que isto é insuficiente, é como se fosse uma sopa para um soldado. Não chega. E sou louca porque acredito que consigo ir para a guerra com apenas uma refeição light.
Aquele dia em que disseste que deveriam haver lojas de memórias, aquele dia em que me mostraste a tua música preferida, o primeiro dia que dormimos abraçados e me perguntaste se o outro lado da cama estava para alugar, o dia em que adormeceste no sofá, e o dia que disseste aos teus amigos que eu era espirituosa, o dia que contámos os sinais da minha barriga, aquele dia que mandaste mensagem 'estás bonita', e o dia que me sentaste ao teu colo. São esses dias que eu choro, e nunca o dia em que disseste que deveríamos ser só amigos, para voltares dez dias depois.
Estou louca e não aguento mais. Hoje não invejo os loucos. Hoje sou eu a louca. Hoje eu não queria ser louca.



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